sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Capitu

Esse blog está funcionando bem meia-boca nos últimos tempos.

Mudança de casa, mudança de trabalho, um mês sem internet por conta da ridícula estrutura de telecomunicações, e tudo o que eu tinha para escrever vai ficando em segundo plano.

Espero conseguir me disciplinar para escrever de vez em quando. No último feriado, descobri vários blogs com textos muito interessantes, que me inspiraram a colocar na rede alguns pensamentos, guardados há tempos e nunca levados a sério. Mas a mudança de trabalho é que realmente deve colaborar nessa resolução.

Vinha há alguns meses trabalhando como diretor de arte em agência de publicidade e deixava a criação de textos para os trabalhos esporádicos com teatro empresarial. Sentia uma queda vertiginosa na qualidade do meu texto, e muito em função da falta de contato diário com a escrita. Tudo estava se resumindo aos 140 caracteres do Twitter. Então, há quase um mês, fui contratado como redator em outra agência.

Ainda sinto que não produzo nada. Parece que os textos não fluem, que não têm encadeamento nem brilho. Claro que ainda estou me adequando à linguagem de cada cliente, mas a impressão geral é de andar com o freio de mão puxado. E, pasmem, as pessoas gostam do que escrevo! Acham que acertei o tom que o cliente deseja, que está de acordo com o briefing e me pergunto se é minha auto-crítica que está exacerbada ou se são todos falsos, mesmo, pra não me desanimar no início.

Mas resolvi escrever hoje, também, porque acabei de assistir ao teaser da micro-série Capitu, do doente Luiz Fernando Carvalho. Doente porque é o único adjetivo que encontro para classificá-lo. A minúcia de detalhes da direção de arte, a composição de cada movimento dos atores e, principalmente, o olhar teatral na maneira de contar as histórias me impressionam. Cada uma de suas obras me faz cair o queixo pela sua maneira de produzir e pela teimosia em levar um produto instigante para a televisão.

Mas, até aí, estamos no campo do racional da análise da obra. O que me pega é como o seu modo de contar uma história nos leva rapidamente ao emocional: no meio do vídeo eu me pego chorando, sem saber exatamente o por quê. E por isso tudo acabo me lembrando em alguns breves momentos da obra do falecido diretor sorocabano Carlos Roberto Mantovani.

Para quem gostar do teaser e tiver vontade de colaborar de alguma maneira, foi criado o site Mil Casmurros, onde você pode ler um trecho do livro, gravá-lo com a sua câmera e compartilhá-lo. (UPDATE: O @cmerigo postou um ótimo texto sobre a iniciativa aqui)

Abaixo, o teaser:
Capitu teaser na íntegra high quality



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