Aqui em Sorocaba eu não sou exatamente conhecido pela sutileza no trato com a imprensa e seus sucessivos deslizes no tratamento das questões culturais. Só no último ano foram travadas várias discussões, seja pela falta de espaço nas editorias de cultura, pelos equívocos publicados e até mesmo pela incapacidade de alguns profissionais da comunicação em levar ao leitor uma matéria absolutamente coerente.
Após brigas, sugestões e promessas de um relacionamento mais próximo, cooperativo, guardei minhas críticas para momentos específicos. Ao mesmo tempo, conservei a ferramenta do blog para a publicação dos meus comentários que foram vetados pelos jornais. É ótima essa relação, porque mesmo quando o jornal não publica, o conteúdo fica disponível para leitura. E de acordo com os dados do Analytics, os jornais me acessam, me lêem.
Então, hoje (08/02) o jornal Cruzeiro do Sul publicou entrevista com o produtor Marco de Almeida, responsável pela vinda de alguns shows para a cidade, com a manchete “Crise atinge cenário cultural em Sorocaba”. Pensando que se tratava de uma matéria séria, o que li me revoltou, ao enxergar no jornal o preconceito e o descaso pelo que se produz na cidade com o esforço de inúmeros artistas.
Abaixo, segue o texto que enviei ao jornal. Como não acredito na sua publicação pela instituição (nem uma seção de errata eles têm, por que permitiriam que um moleque apontasse o dedo nas suas belas fuças?), posto logo abaixo:
Infelizmente, o jornal abre espaço para a discussão de política cultural novamente pelo viés errado.
A crise não atingiu o cenário cultural sorocabano. A crise atingiu o produtor que depende das grandes empresas para realizar o seu trabalho. A crise atingiu o cenário de shows gratuitos com artistas importados.
E o jornal, ao ilustrar sua matéria de maneira generalizada, favorável à ótica do produtor, ofende os artistas sorocabanos que trabalham diariamente para levar ao seu público momentos de sensibilidade e emoção.
Afirmar que o "cenário cultural" é feito de artistas importados, por meio exclusivo de leis de renúncia fiscal é reduzir o artista sorocabano à condição de marginal. E ainda mais grave é quando essa afirmação é feita pelo jornal de maior circulação na cidade, pois ignora todos os inúmeros projetos viabilizados pela LINC, Secult e até mesmo Fundec.
Esses projetos, sim, podem ser encarados como revolucionários, porque foram feitos por SOROCABANOS para SOROCABANOS. E revolucionários porque estão espalhados pela cidade, não restritos a uma praça no bairro nobre.
Ofertas:
Ética no Jornalismo | Jornalismo e Verdade | O Quarto Poder
Nenhum comentário:
Postar um comentário